A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira, 3, que deixou o Brasil há alguns dias. Em um pronunciamento, a parlamentar disse que foi para a Europa para cuidar da saúde e afirmou que vai pedir uma licença não remunerada da Câmara dos Deputados.
De acordo com Zambelli, ela tem cidadania europeia. A deputada também ressaltou que a decisão não foi um “abandono do país”.
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“Não é desistir da minha luta. É resistir, é poder continuar falando o que eu quero falar, é voltar a ser a Carla que eu era”, afirmou a parlamentar.
A deputada alegou ainda que estava sofrendo uma “pressão jurídica” no Brasil. “Cansei de ficar calada”, desabafou.
Revezes jurídicos
Em maio, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, nesta quarta-feira, 14, a deputada Carla Zambelli a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. Ainda cabe recurso contra a decisão.
A condenação pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica foi obtida com os votos do relator do caso, Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Com a decisão, Zambelli também foi condenada à perda do mandato após o fim de todos os recursos possíveis e o pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos, valor que deverá ser dividido com hacker Walter Delgatti, que é réu confesso e que foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão neste mesmo processo.
Conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Delgatti, que confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Zambelli também responde a outro processo criminal no STF. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, o Supremo registrou placar de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto. No entanto, um pedido de vista do ministro Nunes Marques adiou a conclusão do julgamento.