Entenda como funcionava a ‘fábrica’ de espiões russos no Brasil

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Nove espiões russos atuavam no Brasil Foto: Reprodução/TV Globo

Reportagem publicada esta semana no jornal The New York Times e mostrada pelo Fantástico, da TV Globo, deste domingo, dia 25, apresentou uma lista de nove espiões russos que atuaram no Brasil e que criaram identidades inteiramente novas para morar no País.

Aqui, os russos conseguiram o disfarce perfeito, pois encontraram facilidade para tirar documentos falsos, conseguir aportes e atuar em outros países como brasileiros. A chamada “Fábrica de Espiões” funcionava no Brasil desde os anos 1980.

Um depoimento mostrou que diplomatas russos participaram ativamente da trama. A pessoa que prestava o testemunho foi dono de uma agência de turismo entre 1999 e 2013 e contou que prestou serviços para o Consulado da Rússia no Rio de Janeiro por 13 anos.
A pedido dos russos, a testemunha mandou dinheiro para o espião Sergey Cherkasov, que estava na Irlanda com um aporte brasileiro. Ele chegou ao Brasil em 2010 e adotou o nome de Victor Miller Ferreira.

Em abril de 2022, Sergey iniciou um estágio no Tribunal Penal Internacional de Haia, na Holanda. Ele chegou a viajar para Amsterdã, mas o serviço secreto americano avisou a imigração holandesa que ele não era Victor. O espião foi enviado de volta e preso pela Polícia Federal.

A Rússia pediu a extradição dele, alegando que ele é acusado por tráfico de drogas. O pedido levantou a suspeita de que lá ele seria protegido por autoridades.

Na lista de novos agentes publicada pelo New York Times, há o que usava o nome de Gerhard Daniel Campos Wittich. Ele tinha uma empresa de impressão 3D e fugiu do país há três anos. Segundo a Polícia Federal, o verdadeiro nome de Daniel era Artem Shmyrev.

Outro deles dizia ser joalheiro e usava o nome de Eric Lopes, mas seu real nome era Aleksandr Andreyevich Utekhin. Há dois anos, quando a polícia o procurou em uma loja dele em São Paulo, ele já tinha desaparecido.

O casal de russos que usava os nomes de Manuel Francisco e Adriana Carolina Pereira morou no Brasil até 2018. Eles se mudaram para Portugal antes da polícia chegar até eles. Depois, os dois também sumiram.

A russa que usava o nome Maria Luisa Dominguez Cardozo teve como último destino conhecido a Namíbia. Outros dois russos da lista divulgada esta semana não tiveram seus nomes brasileiros revelados. Eles teriam deixado o país rumo ao Uruguai.