MSF acusa Israel de permitir ajuda ‘ridiculamente insuficiente’ a Gaza

A ajuda humanitária autorizada por Israel em Gaza é “ridiculamente insuficiente” e não é mais que “uma cortina de fumaça para fingir que o cerco terminou”, afirmou nesta quarta-feira (21) a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Israel enfrenta uma pressão cada vez mais intensa da comunidade internacional para abandonar a campanha militar em Gaza e permitir a entrada de ajuda no território palestino, onde as agências humanitárias alertam que o bloqueio total imposto provocou uma grave escassez de alimentos e medicamentos.

“A decisão das autoridades israelenses de permitir (a entrada de) uma quantidade de ajuda ridiculamente insuficiente em Gaza, após meses de cerco (…) mostra sua intenção de evitar a acusação de que está matando de fome as pessoas em Gaza, embora, de fato, as deixem apenas sobreviver”, afirmou em um comunicado Pascale Coissard, coordenadora de emergências da MSF em Khan Yunis, no sul de Gaza.

“Este plano é uma maneira de instrumentalizar a ajuda, transformando-a em uma ferramenta a serviço de objetivos militares das forças israelenses”, acrescentou.

Segundo a MSF, a ajuda autorizada na Faixa desde segunda-feira, de 100 caminhões diários, “é apenas uma cortina de fumaça”.

A organização denunciou que o cerco que Israel impôs a Gaza no início de março para forçar o movimento islamista palestino Hamas a libertar os reféns “continua”.

A maioria da população de Gaza, mais de 2 milhões de pessoas, depende quase completamente da ajuda que entra no estreito território palestino, devastado pelos bombardeios intensos e as operações militares ordenadas em resposta ao ataque do Hamas contra o território israelense em 7 de outubro de 2023.

Pelo menos 20 centros médicos de Gaza foram danificados ou ficaram, parcial ou totalmente, fora de serviço na última semana devido à campanha israelense, acrescentou a MSF.

A organização também denunciou as ordens de evacuação em larga escala emitidas pelo Exército israelense, que limitam sua capacidade de atender os feridos.

“O grupo de gestão de locais de deslocados calcula que mais de 138.900 pessoas foram deslocadas à força entre 15 e 20 de maio”, destacou a ONG.

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