Em “Dona de Mim”, novela das 19h da TV Globo, Cyda Moreno interpreta Yara, a avó de Leona, uma personagem que abraça a vida com coragem e afeto. Construir essa mulher inspiradora foi para a atriz um processo de mergulho na própria história e na realidade de muitas mulheres negras brasileiras.
Ela conta que Yara nasceu da força das mulheres negras que se tornam alicerce para suas famílias desde cedo. “A dramaturgia já direciona a personagem para o universo do cuidado e do afeto”, diz a artista.
A personagem tem como base histórias reais: “São avós muito jovens que assumem a responsabilidade de criar seus netos devido a várias conjunturas que afetam nossas mulheres”.
A atriz revela ainda que emprestou muito de si para dar vida à Yara: “Criei meus filhos praticamente sozinha após a separação, e desde cedo tive que me imbuir de muita força em todos os sentidos para educá-los bem e fazer deles pessoas de valores, responsáveis, íntegros, fortes e felizes. E consegui acertar”.
A novela também aborda temas atuais e sensíveis, como maternidade não biológica e saúde mental. “Vivemos num tempo em que muitas mulheres adiam o sonho da maternidade em prol dos planos profissionais. Depois, decidem pela maternidade não biológica: adoção, ou mães solo”, afirma a atriz.
Para ela, “a teledramaturgia, pelo seu alcance, é um aliado para ampliar essa discussão, apresentando todos os aspectos, conflitos e outras situações que envolvem essa questão”.
Sobre a saúde mental, Cyda lembra que “os transtornos mentais se apresentam de várias formas e exigem atenção especial, diagnóstico rápido e tratamento para aliviar o sofrimento dos atingidos”, e ressalta que “é cada vez mais necessário abordar essa problemática, que tem atingido um patamar imenso nas sociedades e acometido muito a juventude”.
Por fim, Cyda comenta que estar no horário nobre da TV Globo vai além da carreira, e destaca ainda que vê na personagem um reflexo de sua própria vivência.
“Representa contribuir para o fortalecimento identitário e a autoestima das mulheres negras na maturidade”, afirma.
“Acho que a comunidade negra, principalmente as avós, se sentem incentivadas pelo astral da Vó Yara. Também tem muito do meu jeito de ser e levar a vida nesta avó. Sou vaidosa como a Yara, feliz e disponível para as pessoas, para a vida, para os desafios e… para o amor”, finaliza.