PCC virou organização mafiosa, diz promotor que investiga facção

Lincoln Gakiya diz que PCC virou organização mafiosa
Lincoln Gakiya diz que PCC virou organização mafiosa Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Lincoln Gakiya, promotor de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), afirmou que o PCC (Primeiro Comando da Capital) se transformou em uma organização mafiosa ao longo das duas últimas décadas.

“O Brasil tem, pelo menos, uma máfia. *O PCC cumpre todos os requisitos para isso: lavagem de dinheiro, corrupção de agentes públicos, transnacionalidade*”, disse Gakiya nesta quarta-feira, 28, durante durante seminário do Iree (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa) para discutir segurança pública, direitos humanos e democracia, em São Paulo.

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Metamorfose criminosa

O promotor investiga organizações criminosas desde 2004 e sofreu diversas ameaças por parte do PCC no período — atualmente, circula acompanhado por escolta policial.

Gakiya relatou que, no início do milênio, a facção estava em estágio “pré-mafioso”, mas isso mudou nos anos seguintes com a expansão das atividades no narcotráfico para a istração de empresas, usadas para lavagem de dinheiro — inclusive na prestação de serviços públicos.

Gakiya citou como exemplos dessa relação a UPBus e a Transwolff, que foram alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pelo Ministério Público para desarticular companhias que, sob a guarda do PCC, firmaram contratos de mais de R$ 800 milhões com a prefeitura de São Paulo — os acordos foram rompidos e as empresas substituídas pela gestão.

“Quando se permite que o crime organizado se aproprie ou monte empresas funcionais, não há concorrência justa. Quem vai concorrer [contra uma dessas companhias] correndo o risco de ser morto?”, questionou o promotor. “Esse é um processo que está crescendo no Brasil. Há uma ‘pejotização’ do crime organizado no país”, concluiu.