SÃO PAULO (Reuters) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira que estava errado em ser contra o uso de câmeras corporais por policiais militares e afirmou que os PMs que cometerem transgressões serão exemplarmente punidos, em meio à pressão que tem sofrido devido a vários episódios de violência policial no Estado.
+ Policial que jogou homem de ponte em São Paulo é preso
No mais recente deles, um PM aparece em um vídeo gravado no último domingo jogando um homem de uma ponte na zona sul de São Paulo, sem que o vídeo mostre qualquer confronto ou ato de resistência da vítima. O homem, que foi arremessado de uma altura de três metros, sofreu ferimentos, mas a bem, segundo relatos da mídia.
“A questão das câmeras, eu era uma pessoa que estava completamente errada nesta questão. Eu tinha uma visão equivocada”, disse Tarcísio, apontado como possível candidato à Presidência em 2026, em entrevista a jornalistas nesta quinta.
“Hoje eu estou absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial, e nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa e tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia”, acrescentou.
O governador, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu padrinho político, defendeu ainda “punição exemplar para esses que transgridem”.
“Houve o pedido pela corregedoria da prisão preventiva do elemento, do soldado que atirou aquela pessoa da ponte, que é uma coisa inaceitável, e já foi conduzida a prisão, está no presídio militar. Vai ficar preso e vai ser expulso da corporação, não tenha dúvida disso”, garantiu.
Também recentemente, uma pessoa foi morta após ser atingida pelas costas por tiros disparados por um policial militar à paisana enquanto tentava fugir de um supermercado com produtos furtados.
Em outro episódio, um estudante de medicina desarmado e sem camisa foi baleado e morto por um PM em meio ao atendimento de uma ocorrência de desentendimento na Vila Mariana, bairro próximo à Avenida Paulista.
Antes da declaração desta quinta, Tarcísio era um crítico das câmeras na farda dos policiais, afirmando que os criminosos é que deveriam ser monitorados, não os policiais, e que esses equipamentos inibiriam a ação dos agentes de segurança pública.
Tarcísio tem sido pressionado a demitir o secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, um ex-policial militar que antes de tornar-se secretário disse em um podcast que deixou o batalhão de elite da PM paulista “porque matei muito ladrão”.
Derrite, que está licenciado do cargo de deputado federal pelo PL, partido de Bolsonaro, tem 40 anos de idade e deixou a PM para entrar na política com a patente de capitão.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública paulista, a PM de São Paulo matou 496 pessoas entre janeiro e setembro deste ano, maior número desde 2020.
(Por Eduardo Simões)