O STF (Supremo Tribunal Federal) começa a ouvir nesta terça-feira, 27, as testemunhas de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, réu no processo instaurado para julgar uma tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.
Torres indicou 15 pessoas para testemunhar em sua defesa no caso. A lista inclui o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alessandro Moretti, demitido do cargo pelo presidente Lula (PT), delegados da Polícia Civil e da Polícia Federal e ex-comandados na SSP durante a invasão do 8 de janeiro de 2023, quando o secretário estava nos Estados Unidos.
O ex-ministro é um dos oito acusados de integrar o “núcleo 1” da trama golpista, que seria responsável pelas principais ações de ruptura institucional, segundo as denúncias da PGR (Procuradoria-Geral da República). Os réus são processados por abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Se condenados, podem pegar 43 anos de prisão.
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Testemunhas depõem
Com processos criminais abertos contra 31 supostos golpistas, o STF realiza a fase de oitivas das testemunhas de defesa dos réus, conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, até o dia 2 de junho.
Alguns dos personagens já ouvidos nessa condição foram o general Marco Antônio Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior, respectivamente, comandantes do Exército e da Aeronáutica nos episódios investigados.
Nas oitivas, Baptista Júnior confirmou a versão de que o almirante Almir Garnier, ex-chefe da Marinha, colocou as tropas à disposição de Bolsonaro para a trama golpista, enquanto Freire Gomes alterou a versão dada à Polícia Federal e disse que não poderia interpretar as falas do ex-colega de comando.
Na sexta-feira, 23, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, testemunha de defesa de Garnier, chegou a ser ameaçado de prisão por Moraes em razão da interpretação dada sobre a postura do almirante.