Trump pede autorização à Suprema Corte para desmantelar Departamento de Educação

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Donald Trump, presidente dos Estados Unidos Foto: Nathan Howard/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, solicitou à Suprema Corte americana nesta sexta-feira, 6, a permissão para prosseguir com o desmantelamento do Departamento de Educação, medida que deixaria a política educacional do país quase inteiramente nas mãos dos estados e conselhos locais.

O Departamento de Justiça solicitou ao tribunal a suspensão da decisão de 22 de maio do juiz distrital Myong Joun, de Boston, determinou a reintegração dos funcionários exonerados na campanha de demissão em massa e o fim de outras ações para fechar o departamento.

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O que muda se pedido de Trump tiver aval

Criado por legislação aprovada pelo Congresso americano em 1979, o Departamento de Educação supervisiona cerca de 100 mil escolas públicas e 34 mil escolas particulares nos Estados Unidos, embora mais de 85% do financiamento das escolas públicas venha dos governos estaduais e locais.

O departamento fornece subsídios federais para escolas e programas carentes, incluindo recursos para professores de crianças com deficiência, programas de artes e substituição de infraestruturas ultraadas. Também supervisiona US$1,6 trilhão em empréstimos estudantis mantidos por dezenas de milhões de americanos que não têm condições de pagar a faculdade de uma só vez.

A iniciativa de Trump de desmantelar o departamento faz parte da campanha do republicano para reduzir o tamanho e reformular o governo federal, e é endossada pela direita radical no país.

Procuradores-gerais de 20 estados e do distrito de Columbia, além de distritos escolares e sindicatos que representam os professores, entraram com uma ação judicial para bloquear os esforços do governo Trump para eliminar o departamento. Para os Estados, os cortes maciços de empregos tornarão o departamento incapaz de desempenhar funções essenciais autorizadas por lei, inclusive na área de direitos civis.

Em 20 de março, Trump assinou um decreto para fechar o departamento, cumprindo promessa de campanha de longa data de transferir a política educacional quase que completamente para os estados e conselhos locais. Em uma cerimônia na Casa Branca, cercado por crianças e educadores, Trump chamou o decreto de um primeiro o para “eliminar” o departamento.

Em sua decisão, Joun ordenou que o governo reintegre os trabalhadores demitidos e suspenda a implementação da diretriz de Trump de transferir os empréstimos estudantis e os programas de necessidades especiais para outras agências federais.

O juiz rejeitou o argumento apresentado pelos advogados do Departamento de Justiça de que as demissões em massa tinham como objetivo tornar o departamento mais eficiente e, ao mesmo tempo, cumprir sua missão. Na verdade, segundo a decisão de Joun, os cortes de pessoal foram um esforço para fechar o departamento sem a necessária aprovação do Congresso.

“Não se pode pedir a este tribunal que cubra seus olhos enquanto os funcionários do departamento são continuamente demitidos e as unidades são transferidas até que o departamento se torne uma casca de si mesmo”, escreveu o juiz.

O porta-voz da Casa Branca Harrison Fields considerou a decisão do juiz “equivocada”.

O 1º Tribunal de Apelações do Circuito dos EUA, com sede em Boston, rejeitou em 4 de junho um pedido do governo Trump para suspender a liminar emitida por Joun.